Ando
tentando usar menos alguns aparelhos tecnológicos. Não só por causa dos
problemas de saúde que podem vir a existir com o excesso de uso, como LER, e
outras doenças crônicas incuráveis (perdoem-me o pleonasmo), mas porque sinto
falta daquela vidinha analógica que eu tinha quando eu era criança (a partir do
momento que começamos a falar assim “quando eu era criança”, é porque já
estamos velhos...). Mas na minha época (outra expressão de velho) quando se
queria encontrar alguém, batia-se na porta da casa do amigo e falava oi, não
simplesmente mandava um recado no Facebook
como se faz para um completo estranho, mas passávamos horas e horas
conversando, fazendo brigadeiro e formando momentos inesquecíveis na nossa
memória. Hoje momento inesquecível com os amigos é bater o recorde do outro no Angry Birds.
Não
me levem a mal, nasci na fase do nem, nem digital, nem analógico, e sou
intolerante ao extremo. Adoro a tecnologia, acredito que não conseguiria viver
sem ela e toda a praticidade que ela traz às nossas vidas. Mas já disse, sou
intolerante ao extremo. Assim como não consigo entender quem não se adapta à
era tecnológica, é difícil compreender como as pessoas estão perdendo o contato
com o mundo palpável. Não defendo aquela corrente de pensamento que diz que os
jovens não estão se socializando mais, não brincam, só mexem na internet, só
sinto por que eles não sabem o que estão perdendo. Não há nada como ralar o
joelho jogando bola, correr na chuva, dançar e cantar loucamente. Se você acha
que é legal jogar um pássaro em um porco, é por que nunca fez guerra de mamona
com os vizinhos.
Mas
esse é meu modo de pensar. Odeio o extremo, já disse. Acho que o mundo está
precisando voltar a ter o calor humano, aquele contato olho no olho que traz
mais sinceridade no relacionamento. Essa impessoalidade que vem com o mundo
digital precisa ser quebrada. Assim como não se conhece quem é seu amigo na
rede social, também não interessa quem eram aquelas pessoas que você pegou na balada.
Você já parou pra pensar na história de vida que cada pessoa que passa por você
carrega? Talvez você nunca descubra, provavelmente não vai estar na internet, no
seu tablet ou smartphone.
Ler
livros também é importante. Não pelo caráter intelectual, mas eu duvido que
alguém me mostre uma piada no 9gag ou um vídeo no youtube que me faça rir mais do que Veríssimo. Também duvido que
qualquer foto de animais fofinhos imitando gente na minha timeline me emocionem
mais do que Nickolas Sparks.
Mas
chega de especular. Tudo isso são só indagações que ando fazendo a mim mesma. Acho
que são pontos a se pensar. As relações mudaram muito com o advento da
contemporaneidade, mas alguns valores e costumes não precisam acabar. Seja como
for, na sua vida real ou virtual (mesmo que a sua vida real seja na internet),
não se esqueça de respeitar o outro e aproveitar a vida, que é uma só.